Malaquias 3.1-4
II Domingo de Advento - Ciclo do Natal - Ano C
P. William Felipe Zacarias
Amados irmãos, amadas irmãs,
quem no Sábado, 30 de Novembro, recebeu essa mensagem de alerta em seu celular: “Defesa Civil: DEMONSTRAÇÃO do novo sistema de alerta de emergência no RIO GRANDE DO SUL. Mais informações, consulte o site DEFESA CIVIL ALERTA”? Você recebeu? Talvez muita gente se tenha assustado até entender que o aviso era um teste. Foi uma mensagem criada para não poder ser ignorada sem antes ser lida. O sistema foi preparado para chamar a nossa atenção.
Nós estamos em um tempo de muitas mensagens. Hoje é muito fácil escrever uma mensagem para outra pessoa: você acessa o WhatsApp e sua mensagem pode facilmente chegar instantaneamente a qualquer lugar do mundo. Aliás, temos nossos celulares – e nossas vidas – atolados de mensagens. São tantas que às vezes temos dificuldade em responder – e, muitas vezes, de se desligar um pouco do mundo online.
Hoje, as mensagens são curtas. Nesta semana eu li alguns versículos da primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses e me veio à mente: é uma mensagem longa porque era importante aproveitar o momento. Como não havia facilidade no envio de mensagens e elas demoravam para chegar ao destinatário, precisava-se aproveitar a carta para passar o máximo possível de informações.
Mas o que tudo isso tem a ver com o texto do profeta Malaquias? Há 5 cartas que foram distribuídas a 5 pessoas antes do culto. Quando chegar o momento, vou pedir que cada pessoa fique de pé e leia a carta recebida. Para responder à pergunta sobre o que as mensagens de hoje têm a ver com Malaquias, convido a ouvirmos a primeira carta:
Carta 1: Hoje, Deus nos envia uma mensagem que não podemos deixar de lado: ‘Eu estou vindo. Preparem-se para me encontrar’. Malaquias é o escolhido para fazer esse alerta. Vamos ouvi-lo com atenção.
O nome Malaquias significa, em hebraico, o mensageiro do Senhor. Malaquias quer nos trazer uma mensagem; quer fazer um alerta tanto aos seus destinatários quanto a nós hoje – um alerta que, como aquele da Defesa Civil, não pode ser deixado de lado.
Malaquias viveu em um período em que as pessoas tinham dificuldades em acreditar em Deus. Os rituais eram cumpridos de maneira automática e sem reflexão. O cumprimento de rituais era mais um folclore do que uma fé verdadeira, profunda e sincera em Deus. Diante dessa realidade, ele tem uma mensagem a dizer. E Malaquias está colocado como último livro do Antigo Testamento para que, ao lermos a sua mensagem, nos preparemos para a boa-nova do Novo Testamento. Mas, de quem Malaquias está falando? Vamos ouvir a segunda carta, que é um texto bíblico que responde à essa pergunta:
Carta 2: “Houve um homem enviado por Deus, e o nome dele era João Batista. Ele veio para testificar a respeito da luz, para que todos viessem a crer por meio dele. Ele não era a luz, mas veio dar testemunho da luz, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina toda a humanidade.” (João 1.6-8).
Na sua mensagem, Malaquias anuncia a vinda de outro mensageiro que irá preparar o caminho para o Senhor: João Batista. Ele veio antes de Jesus. Lembramos o nascimento de João Batista em 24 de Junho e o nascimento de Jesus em 25 de Dezembro; portanto, João Batista é seis meses mais velho que Jesus. Contudo, João Batista não é mais importante que Jesus. Ele também veio como mensageiro preparar o caminho para Jesus – e isso lhe custou caro: a própria cabeça! É disso que nos diz a terceira carta:
Carta 3: Ser mensageiro do Senhor não é algo simples. Malaquias enfrentou a indiferença; João Batista sofreu a violenta decapitação. Mesmo assim, eles permaneceram fiéis. Estamos dispostos a ouvir e anunciar a mensagem de Deus, mesmo quando é difícil?
Nem sempre anunciar a mensagem do Senhor gera alegria, prazer e satisfação. Muitas vezes, anunciar a mensagem do Senhor gera revolta, retaliação e perseguição. Ao ouvirmos a mensagem do Senhor, podemos escolher pelo caminho do arrependimento e da conversão – que são os convites do tempo do Advento. Mas também podemos nos fechar em nós mesmos e não querermos dar ouvidos à mensagem.
Contudo, Malaquias não fala apenas de João Batista; ele fala de alguém que virá como fogo purificador. De quem ele está falando? Vamos à quarta carta:
Carta 4: Jesus é o fogo purificador anunciado por Malaquias. Ele não nos destruiu, mas nasceu para morrer e nos salvar. Olhem para o vitral da Igreja: à frente do nascimento de Jesus está a sua cruz! O que isso diz ao nosso coração?
O profeta Malaquias usa duras palavras para falar sobre a vinda do mensageiro da Aliança. Agora, claro, ele está falando de Jesus que vem, como fogo, para purificar o mundo. E, de fato, na plenitude do tempo, Jesus nasceu e viveu entre nós. Mas a criatividade de Deus é maior que as profecias humanas. Onde foi que Jesus veio como “fogo purificador”? Na cruz! Não fez o juízo de Deus cair sobre a humanidade pecadora, mas aceitou esse juízo sobre si para que fôssemos purificados dos nossos pecados. O juízo de Deus não veio sobre nós e não veio para nós, mas por nós – por você.
Amados irmãos, amadas irmãs,
concluímos com a quinta carta:
Carta 5: O Senhor vem novamente! Este é o tempo de arrependimento, de conversão e de preparação. Não deixemos de lado o alerta de Deus. Ele vem para trazer vida e alegria eternas aos que creem no seu nome.
Essa é a mensagem do Segundo Domingo de Advento: em meio à tantas mensagens que enviamos e recebemos diariamente, recebemos esse alerta: o Senhor vem! Ele virá novamente. Agora é o tempo de preparação. Agora é o tempo do arrependimento. Agora é o tempo da conversão. Jesus já veio ao mundo. Em seu sacrifício deu a oferta agradável que trouxe a nós o perdão e a reconciliação. Ouçamos essa mensagem. Não a deixemos de lado. Ele voltará e poderemos nos alegrar eternamente em sua presença.
Que essa mensagem se torne viva e presente em nossas vidas: a mensagem do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Recebamos essa mensagem enquanto preparamos o nosso coração para o natal. Amém.